

Na década de 80 alguns seriados americanos foram exibidos aqui no Brasil. Eram apenas embriões das elaboradas séries que podemos assistir hoje em dia na FOX, Warner, Sony etc, mas de qualquer forma, por serem exibidas na TV aberta, habitavam o subconsciente coletivo dos brasileiros. Eu mesmo assistia a várias. Essas séries, exibidas na Rede Globo, Rede Manchete, Bandeirantes, TVS (SBT), eram colocadas no ar sem qualquer seqüência (diferentemente de como eram exibidas nos EUA), mas para mim, ainda uma criança, isso pouco importava.

Nomes como:
Magnum,
Esquadrão Classe A,
Dallas,
Panteras,
Casal 20,
Super-Máquina,
Homem-Aranha,
Chips,
Mulher-Maravilha,
Ilha da Fantasia,
Duro na Queda, eram conhecidos entre jovens e adultos e, para uma TV brasileira em ebulição, esses complementos à programação faziam muito sucesso.


Eu sempre gostei muito de TV e gosto até hoje, apesar de não acompanhar por falta de tempo, acho um bom passa-tempo. Gostava de alguns programas e detestava outros, mas tinha um carinho maior por um em especial,
O Incrível Hulk, série que o canal TCM da TV a cabo exibe e que nessa semana começou em seqüência a partir do episódio um.

Eu era pequeno quando o Hulk passava na TV, mas assistindo hoje o clássico seriado (todos os dias 9:00h da manhã no TCM) é impossível não se encantar pela história de David (trocaram o Bruce dos quadrinhos) Banner, muito bem defendido pelo já falecido ator
Bill Bixby (1934-1993) e seu alter-ego Hulk, um monstro verde interpretado pelo fisiculturista
Lou Ferrigno.

A série era uma mistura de o Médico e o Monstro, com o Fugitivo, além de ter pinceladas da trama dos quadrinhos inseridas pelo consultor (assim estava nos créditos) Stan Lee, criador do personagem junto com Jack Kirby. No seriado, David Banner era um cientista que, após perder sua esposa em um acidente automobilístico, resolveu estudar a força humana através do sentimento de fúria, sendo cobaia de um teste com raios gama que o transformou em um monstro verde guiado pelos sentimentos mais primitivos.

Banner voltava a se transformar na criatura sempre que exposto a situações de perigo e de raiva incontrolável. Tentando reverter tal situação, o cientista, com o auxílio de sua assistente Dr. Elaina Marks (
Susan Sullivan), busca um antídoto, mas na experiência tudo dá errado e o laboratório onde se encontravam vai pelos ares. A assistente fica presa em ferragens da explosão e Banner, como Hulk, tenta salvá-la sem sucesso. O ocorrido é presenciado pelo jornalista Jack McGee (interpretado por
Jack Colvin) que passa a perseguir Hulk e, após tal episódio, Banner é dado como morto.

A partir desse primeiro capítulo a trama vai se desenvolvendo com Banner se escondendo de autoridades, pois todos acham que ele está morto e Hulk sendo perseguido pelo tal repórter. Em cada local que o “herói” passa esse vai cativando pessoas e ajudando-as com seu senso de justiça e seu dom para se meter em encrencas. Quando fica nervoso e se mete em apuros, Banner se transforma no gigante verde e o pau come.

Sem dúvida é um prazer assistir essas histórias no meu café da manhã, realmente o canal TCM faz seu dever cívico exibindo clássicos da TV e cinema, fazendo com que fãs como eu se sintam prestigiados. A série é sim muito boa, com poucos recursos o produtor Kenneth Johnson conseguiu fazer um trabalho justo e muito atrativo para época, popularizando um personagem um tanto quanto atípico para os padrões de super-heróis. Vale ressaltar o melancólico tema musical do personagem, desenvolvido por Joe Harnell, a música ainda muito lembrada faz os mais saudosistas rirem por dentro das lembranças gostosas de uma época mais lúdica. Vale a pena ver de novo.