Estava eu em uma livraria na zona-oeste do Rio, dando uma olhada despretensiosa em um livro sobre cartazes de cinema, quando duas meninas de mais ou menos 17 anos, idade pré-vestibular, param diante de uma prateleira com livros de Direito e começam um breve diálogo que acompanho do início ao fim:
- Veja só esses livros, são eles que vou acabar tendo que encarar.
A outra, com ar melancólico, diz:
- Sabe amiga, isso não se parece com você, não tem a sua cara.
E a futura advogada diz:
- Ok, mas é isso que dá dinheiro.
Sei lá, venho de uma época em que a escolha dos jovens nessa idade eram mais ideológicas, mas vivo em uma época em que o dinheiro grita forte no coração das pessoas, nesse caso, a menina está certa ou errada? Teremos argumentos dos dois lados, onde uns dirão que aquele que faz o que gosta é mais feliz e outros que o dinheiro é o mais importante, ficando tudo quase no mesmo, pois quem faz o que gosta e morre de fome acaba tendo que arranjar outro emprego e quem tem dinheiro demais acaba procurando algo melhor para fazer. Sendo bem sincero, prefiro achar que os jovens precisam escolher suas profissões e traçar suas carreiras muito cedo, minha geração pagou por isso, gerações anteriores também, mas daqui para frente, acho que a tendência é piorar. Cada vez mais cedo meninos e meninas terão que optar pelo que vão ser quando crescerem, a concorrência está cada vez maior e o mercado, que mata o empregado quando ele chega aos 40 anos, obriga crianças a se posicionarem o mais rápido possível. Não temos mais tempo para ideologias, o negócio é trabalhar, e logo. Tenho pena do meu filho.