quinta-feira, 14 de abril de 2016

Acordo entre Turquia e União Européia

No dia 18 de março de 2016 foi assinado um acordo entre a União Europeia e Turquia, tentando assim minimizar a questão dos refugiados sírios e iraquianos que tentam ingressar na Europa.

Segundo esse acordo, a Turquia receberá 3 bilhões de Euros (além dos 3 bilhões já negociados ano passado) para se transformar em uma espécie de barreira ou porta de entrada para a Europa. Conforme o documento firmado, o país deverá receber e conter o fluxo de pessoas que ingressa no continente europeu pela Grécia, ficando responsável por combater as redes de tráfico e também de cuidar do bem estar dessas pessoas.

Qual seria a vantagem para a Turquia? Primeiramente, vale ressaltar que a região já fica com a maior parte dos refugiados e - apesar de a imprensa, por razões óbvias, se interessar mais pela entrada dos refugiados na Europa - por questões culturais, religiosas e políticas, países como Líbano e a Turquia estão ficando com a maior parte desses imigrantes quando se trata de Oriente Médio (guerra civil da Síria e deslocamentos causado pela ação do Estado Islâmico). 

A situação, no entanto, não é das melhores para esses países. Suportar uma imigração em massa é deveras penoso para um país pequeno como o Líbano e toda essa situação vem causando um estrago tremendo na sua estrutura. Mesmo a Turquia, um país maior e mais estruturado, está sofrendo com essa invasão e precisa de ajuda. Sendo assim, o acordo une o útil ao agradável, já que, recebendo dinheiro e estrutura, a Turquia canalizará o fluxo de pessoas para dentro de seu território, desafogando o Líbano e, principalmente, a Europa. 

A União Européia também trabalhou o lado diplomático nesse tratado, prometeu facilitar os vistos para os turcos e retomar as antigas discussões sobre a aceitação ou não da Turquia como país membro, algo que sempre foi mal visto pelo povo europeu, por conta do preconceito com países muçulmanos e também pela resistência dos países do leste (que fizeram parte do império Turco).

A Turquia também se compromete no tratado a formar um cadastro de refugiados e, um último ponto, traz a previsão de troca de refugiados cadastrados da Turquia por refugiados indigentes gregos. Isso se deve ao fato de que a Grécia, um país em crise, sofreu forte invasão de refugiados e para a Europa interessa organizar a entrada de imigrantes clandestinos nesse país. O refugiado ilegal que foi contrabandeado para dentro da Europa muitas vezes não tem qualquer registro ou documento, então fica mais difícil de dar um destino, saber quem é e, principalmente, traçar um perfil do sujeito para que possa ser monitorado pelas autoridades (talvez o objetivo final da UE).

O acordo vem sendo muito criticado, porque por baixo de uma aparente boa intenção da União Européia em diminuir a rede de tráfico humano, as cenas de mortes por afogamentos e também a penúria dessas pessoas, entidades de direitos humanos e organizações não governamentais enxergam uma manobra suja e ardilosa onde a Europa tira de suas fronteiras a questão da imigração e terceiriza o caso, aumentando ainda mais a tensão em ambos os lados e deixando a solução para depois, quando poderá ser tarde demais.