Já faz algum tempo eu venho falando de como o Rio de Janeiro, cada vez mais, vem perdendo seu espaço como pólo cultural brasileiro para São Paulo. Coisas básicas vêm acontecendo: não temos mais grandes musicais, grandes mostras de arte, deixamos de ser um pólo publicitário, não somos mais a sede da Fórmula 1, de entrega de prêmios, de concertos internacionais relevantes e até o samba, que era nossa praia, está começando a ser mais reconhecido e aclamado em Sampa, levando muito bamba para lá. Méritos paulistas a parte, a coisa tá braba para os cariocas. A violência vem contribuindo, e muito, para a fulga cultural carioca, mas não é a única razão desse fenômeno, com ela temos o desinteresse das autoridade, governos populistas no estado e no município e falta de incentivo de empresas, já que essas, na sua grande maioria, têm sede em São Paulo.
Eu já vinha me acostumando com a idéia de deixar de ser a capital cultural, mas sempre achei que o futebol carioca, esse sim, teria sempre seu espaço no Brasil e no mundo, mas… Estava muito enganado. Futebol é cultura (por que não?) e este também precisa de investimento e renovação, coisa que não aconteceu no Rio e ai, ficou fácil, São Paulo dominou. E olha que foi bem feito, bem dominado, a ponto do sotaque paulista ser o mais ouvido em resenhas futebolisticas, outrora uma tradição carioca, e a famosa música: “Domingo eu vou ao Maracanã” ser substituida por “Domingo eu vou ao Pacaembú”… Só faltando patentear . Os paulistas chegaram para acabar, têm grana, estrutura e ganham todas! Nós ainda estamos no tempo da Máfia do futebol, com clãs que dominam a máquina futebolisticas formando uma situação semelhante a da Liga de Escolas de Samba (que devem se preocupar pois Sampa também tem “Apoteose”) e, por conta disso, times cariocas de tradição começam a engasgar e mostrar sinais de fraqueza e má administração. Não sei não, mas daqui a pouco os cariocas terão a segunda divisão do campeonato brasileiro como objetivo, surgindo apenas como possíveis adversários dos paulistas, mineiros, gaúchos que cairem para a segundona, o pior, satisfeitos com sua situação, lutando por um campeonato carioca de 4 times e continuando, como todo carioca, se conformando que São Paulo é melhor.
Os paulistas são mais certinhos e só querem e pensam em trabalhar, cariocas são mais espertos, assim se colocam, gostam do sol, da brisa e da praia que, por sinal, é a única vantagem que temos sobre os paulistas. Só nos resta torcer para que o descongelamento não leve o mar para São Paulo, ou se não, poderemos ouvir falar em “Morumbi, a princesinha do mar”.