Homem não chora. Essa afirmação ecuou em minha mente durante anos, talvez por imposição social, por ser filho de militar, pelo simples fato de ter nascido em uma época onde valores machistas eram mais evidentes, sei lá, só sei que foi assim.
Quando saí da infância para a adolescência a cobrança se tornou ainda maior, chorar era sinônimo de fraqueza e isso, em um grupo homogêneo e masculino da periferia, seria algo inadimissível.
Já adulto eu comecei a encarar o choro de forma mais natural, deixava cair, deixava correr, mas… Era algo um tanto quanto melacólico, sei lá, meio contido, duro, parecia que estava chorando por não querer chorar.
Dia 23 de novembro de 2008, mais ou menos uma hora da manhã, eu comecei a mudar minhas concepções, meus paradigmas e o choro, sei lá, esse veio sem esforço, sem medo, sem pena de mim. Meu filho nasceu. Estranho falar isso, não por ser filho, não por nascer, mas por mim. Nunca fui muito chegado a crianças, nunca tive muito jeito, mas ele mudou tudo! Vinícius, assim ele se chama, veio ao mundo para mudar meu mundo, minhas concepções, minha forma de amar e, é claro, de chorar. Ele nasceu e brotou em mim, imediatamente, um sentimento único de compaixão para com ele, minha mulher, meus pais e amigos. Quando aquela criatura tão pequena e frágil chegou ao mundo eu chorei, como um menino que sempre tive guardado em mim, como alguém que aguardava o momento certo para deixar seus sentimentos menos evidentes sairem e não desperdiçar nenhuma lágrima. Viva Vinícius! Que traga muitas alegrias e choros apenas de felicidade, como os de um pai desarmado e babão como eu.
Obrigado por ter vindo com saúde, pode contar sempre com seu pai, ele te ama.
P.S: Demorei um pouco para escrever pois nesses momentos devemos pensar antes de escrever qualquer coisa.