quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

God save the King

Minha família, pela parte de meu pai, é de descendência espanhola. Certa vez fui fazer um curso de imersão na língua espanhola em Madrid e, como bom primo pobre e distante, procurei pelo brasão de minha família. Fui até uma lojinha própria (isso mesmo, na Espanha existem lojas que só fazem brasões de famílias) e depois de contar ao simpático vendedor que aqui no Brasil também existem alguns “Velascos”, adquiri minha lembrança e, chegando ao Brasil, emoldurei e a deixei na parede da sala.
Os brasões eram como marcas, marcas que serviam para representar determinadas famílias ou reinos que existiram antes e depois da idade média. Eles eram levados a sério e a família que chegasse a ter títulos de nobreza, se daria ao luxo de ter seu brasão. Acho que isso deve ter se popularizado e toda e qualquer família começou a fazer o seu, afinal, não acredito que tivemos tantos nobres, tantos reinos quanto temos de brasões. Temos brasões dos “Pereiras”, dos “Nogueiras”, dos “Albuquerques”, dos “Silvas”, dos “Rodrigues” e até, vejam bem, dos “Velascos”, que a meu ver, nem tiveram tantos descendentes como os “Silvas” por exemplo. Durante anos aquele brasão figurou, soberano, na parede da minha sala, mas até o momento não passava de uma bela pintura feita em papel de seda, algo que jamais pensei ter valia, mas as coisas mudaram. Abaixo da “marca” dos “Velascos”, escrito em espanhol arcaico, vem a seguinte frase: “Provou da nobreza e das armas”. Sim amigos, os “Velascos”, em determinada época, foram nobres, talvez senhores feudais, cheios de posses, algo comum em uma época onde feudos, vassalos, fidalgos, reis e rainhas faziam parte da estrutura social. Até ai, nada, afinal o Brasil era uma república, mas como bem disse… ERA. Partindo do princípio que no Brasil temos verdadeiros senhores feudais que dominam terras no longínquo nordeste, um monarca soberano que tudo pode e tudo faz, nobres da mais alta estirpe que recebem as maiores regalias e, vejam bem, até um castelo de dar inveja às humildes construções do Vele do Loire, eu, na qualidade de descendente da nobreza, vou pleitear minhas terras ou privilégios perante o reino (União) do Brasil, tendo certeza que a coroa (Dilma) vai se sensibilizar com a injustiça que venho sofrendo em nosso “Estado Feudal”.

Termino aqui meu manifesto, a nobreza não pode mais ser tratada dessa forma, encaminharei ao Desembargo do Paço (alguma repartição jurídica) minhas reclamações e espero que sejam tomadas as devidas providências.