terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tipicamente Americanos


Não sou americano, não um americano do norte, mas como todo brasileiro, como todo cidadão do mundo, tenho uma opinião sobre o império. Não cabe aqui entrar nos pormenores de minhas convicções, mas em época de eleição, quando os americanos escolhem “nosso” novo governante, acho interessante abrir espaço para falar de política americana, já que isso interfere, e muito, em nossas vidas.
Nasci em 1978 e não tenho muito o que falar sobre a ditadura do ponto de vista da minha participação pessoal, peguei o final, lembro vagamente do Presidente Figueiredo com seu cavalo, da forma como isso era televisionado, da ordem imposta, das aulas de E.M.C (Educação Moral e Cívica). Poderia reclamar desta época, mas de uma forma ou de outra, deixando de lado a melancolia, foram os anos mais legais da minha vida. Passei minha infância entre Figueiredo e Sarney, sinceramente, tudo era indiferente para mim, afinal, estava muito mais preocupado com meus brinquedos e minhas brincadeiras.
Quando cresci tomei ciência daquele momento sombrio de nossa história e fui de encontro aquilo, amaldiçoei a Guerra Fria, entendi melhor os pólos mundiais de poder, me aterrorizei e disse para mim: salve a liberdade! Li Marx, ouvi Chico, adotei um partido e me situei, ideologicamente, como um sujeito de esquerda. Mais tarde percebi que as atrocidades e autoritarismos das ditaduras de direita tinham suas versões no mundo comunista e desencanei, não tenho mais ideologias, no fundo o poder vai corromper qualquer bom homem e acredito que somente com muito diálogo, muitas votações e ouvindo as várias instituições sociais, equilibramos as coisas. Penso no bem comum, na boa convivência e em como podemos ter mais emprego, melhor saúde e menos violência; tenho minhas convicções, meus argumentos e me posiciono, logicamente, ao lado da democracia.
Sou um democrata, não me percebo hoje tão ligado a esquerdas ou direitas, mas ainda acho que o poder que uma pessoa tem de mudar a opinião de várias é a melhor forma de governo.
Ainda como um sujeito de esquerda criei uma certa aversão aos E.U.A, coisa de garoto eu sei, mas isso veio comigo. Hoje entendo melhor tudo isso e acho normal, tenho certeza que as nações subjugadas à Roma, obviamente, deveriam odiá-la. Somos do terceiro mundo, isso é fato, e por mais que nós brasileiros tenhamos uma necessidade enorme de sermos reconhecidos, somos periféricos. O meridiano Greenwich não passa aqui (para citar a critica serena e severa de Isabel Allende) e o mundo não se preocupa tanto conosco, mas logo ali em cima a América se faz mais vista, se coloca mais em evidência e isso se deve à competência com que a Nação Americana se estruturou.
Hoje, parafraseando Caetano, todos os homens do mundo vão olhar naquela direção, e espero eu, com um sonho democrata em seus corações. Sempre achei que Obama não ganharia e comentei diversas vezes isso nesse blog; os americanos são pragmáticos e um negro na presidência eu jamais imaginei, até mesmo uma mulher branca seria mais plausível, mas vejo que os primos do norte estão amadurecendo e percebendo que mais uma burrada republicana poderia levar o país ao declínio e um democrata, ainda que negro, é a melhor saída. Se Obama vencer, vários anos de um racismo truculento e sem sentido terão uma resposta à altura, afinal, um negro sendo o homem mais poderoso do mundo abre muitas portas e traz muitos debates à luz, estou aqui debaixo torcendo por ele.
Nesse 4 de novembro os americanos vão eleger o chefe de estado mais importante do mundo e, sendo negro ou branco, o mundo vai querer saber onde isso vai dar, afinal, de uma forma ou de outra, todos nós somos americanos.